sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Série - Os cinco sentidos



Ser um Fenômeno não é uma tarefa muito fácil. Além de me meter em altas enrascadas, tenho que presenciar situações inusitadas, pra não falar, toscas mesmo. Fazendo um breve levantamento de algumas “histórias”, cheguei à conclusão que cada Fenômeno e alguns “anexos”, tem um sentido mais aguçado. O meu, é claro, não podia ser outro senão a audição. Partindo daí, resolvi compartilhar algumas aventuras que ouvi (e presenciei).

As histórias são toscas, mas verdadeiras. Depois me digam se os Fenômenos vieram ao mundo a passeio.

Parte I – Audição e Tato (para explicar minha história foi preciso contar as peripécias de um amigo expert no tato)

Anos atrás resolvi passar o carnaval em uma cidade de interior. Como fui com uma galera, na divisão dos quartos tive que dividir com mais dois loucos. Até aí tudo bem, sabia que seria uma grande aventura, pois no carnaval a galera é só empolgação, e com tantas “brejas”, vodkas e energéticos, dormir seria grande luxo. No primeiro dia de carnaval você suporta de boa as confusões, luta contra o sono e é tudo uma maravilha. Mas já dá para observar as “figuras” que vão dar trabalho para o resto da galera.

Sempre tem o cara de pau da turma que se acha o “tal” e que diz que vai pegar geral. Forte, ele se acha lindo e para ser o cara muito social, começa pagar mil bebidas para as “gatinhas” da cidade e no final das contas só toma toco. Mas como quando está no inferno, a solução é abraçar o capeta, pega a mais mukissa, aquela que fica sobrando segurando uma latinha na mão, e se acha o MAIOR de todos. Para piorar, ainda tenta tirar onda da cara de seus amigos que não pegaram ninguém a noite toda. O pior é agüentar!


Na segunda noite do carnaval lá pelas tantas, fui dormir já morto de bêbado e não agüentando mais a vida mundana. Tive que deixar a porta do quarto sempre encostada, pois não dá para ficar abrindo e fechando a porta toda hora que um dos loucos resolve voltar. Eis que estou nos braços de morpheu, quando um dos loucos resolve trazer um “quarto elemento” para o quarto.
Eu não liguei, pois o que queria mesmo era dormir para tentar suportar o terceiro dia desta bagunça toda. Maso infeliz esquece que tem mais pessoas dentro do quarto, e resolver fazer umas “gracinhas”. Eu todo coberto para não ver aquilo, não acreditei que ele iria levar a fundo aquilo e pensei: “Vou botar logo estes dois para correr já.” Mas como o indivíduo
estava mais bêbado que eu, achei que não daria conta de porra nenhuma e aproveitei o silêncio e me concentrei em dormir.

Lá para tantas, a “nova elemento” do quarto resolve tomar uma ducha e acho que foi mesmo é fazer uma ducha básica, pois deveria esta um pouco vencida do dia inteiro pulando carnaval e não tem esta que fique cheirando a rosas. Vi que era uma garota asseada e até com o corpo formoso (nossa! de onde tirei isto?) e estava pronta para uma noite de sono com o bêbedo que só roncava. Não sei de onde surgiu tanto amor, mas tudo bem.

Bem, a infeliz resolve despertar o “dragão” do sono e o cara, empolgado com a seu novo amor de carnaval, resolve fazer gracinhas com a mocinha “pura e virgem” e começa a sessão beijo e pegação geral. Detalhe, minha cama era ao lado da do sujeito e ouvia o pega daqui e dali. Como diz o ditado... Contando dinheiro na frente de pobre.

Eis que o sujeito resolve comer a guria ali no quarto e pega a camisinha. Pronto! Começa aquele barulho infeliz de abrir o pacote. Fiquei com ódio, mas não podia fazer nada. Não tinnha o que fazer. Peguei o travesseiro e coloquei na cabeça.

Como tava um breu desgraçado, o bebum tinha que fazer tudo no tato mesmo, por que enxergar era impossível. Dava para ouvir os sussurros de está aqui, aí não abre, cuidado pra não rasgar, e eu me segurando para não cair na gargalhada. O cara parecia certeiro na tática do tato.
Abriram a tal camisinha e o cheiro da borracha infestou o quarto. Beleza! Vai rolar logo e vou poder dormir. Teria sido breve se o sujeito não inventasse de comer o (como vou chamar, para não deixar a galera de queixo caído? .........Penso, penso e nada) da moça, e aí começa uma luta de bárbaros pelo o reino da felicidade do mocinha.
- Aí não, lindo.
E ele dizia:
- Só um pouco.
E ela:
- Já disse que não pode.
E ele:
- Mas só a cabecinha.

Puta merda! Eu quase levanto e falo para ambos:
- Ô filho da puta, a mulher não quer dá o “marquês de rabicó” para você, então relaxa e vai do papai mamãe e deixa os outros filhos da puta dormirem em paz.
Mas como não queria deixar a mocinha sem graça, resolvi mudar de lado e assim deixar com que resolvessem da melhor maneira aquela luta. Acho que ele foi no tradicional mesmo, pois não ouvi mais nada e consegui, enfim, adormecer.


O duro foi acordar no outro dia e ter que olhar para a cara do “felizardo” todo relaxado e eu um caco por não ter conseguido dormir direito.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

O casamento, a clínica e o "pancadão de Jesus"


Não sou muito fã de casamentos, mas sempre tem histórias bacanas para contar aos amigos, filhos e netos, pois se tornam inesquecíveis. Helen e eu fomos para o casamento de nada menos que a pessoa mais louca da face da terra. (Leiam o texto "A seca"). Pois sempre fez ou fazia o que queria, ou seja, curte a vida da forma mais livre possível. É complicado imaginar, pois já que ela teve que sair do orkut, porque já tinha uma comunidade intitulada “Quem comeu a pessoa?” (Não posso dizer o nome, pode rolar um processo básico e tenho que manter a imagem e moral dela e do cara também) Não sei se é verdade, mas ela sumiu da rede.

O casamento estava marcado pras 18h00. Pensa num sol absoluto! Chegando lá, vamos descendo do carro e meu celular começa a tocar e aí imagino "Sim, quem será?" Chamada restringida. Reluto em atender, pois pensei comigo. “Será algum atendente de celular querendo dizer que ganho um aparelho novo se sair da operadora que estou? Ou será cobrança? Pois, estes seres "iluminados" só ligam em horas bacanas, como sábado à tarde. Quando atendi, quase morri de rir. Era a noiva! Fiquei surpreso, pois como imaginar que a noiva me ligaria, mas era ela me dizendo só sacanagem. Disse ainda que estava me vendo chegar pelo circuito interno, fiscalizando todo mundo que chegava para a cerimônia.

A noiva estava linda e toda de branco, pois independe da comunidade criada pelos “ex-ficantes”, fez questão da cor tradicional. Nessa altura, a Helen já estava com os olhos marejados de ver uma amiga se casando e feliz. Coisa de mulher, pois não entendo o motivo do choro. Será felicidade de ter uma amiga a menos na guerra ou pura imaginação de quando elas estarão naquela situação? Bem, isto é assunto para uma enquete ou outro post.
Polêmicas à parte, o casamento transcorreu na santa paz, mas como sempre, temos que estar com a galera mais legal da festa então, ficamos com as irmãs da noiva. Se acharem que esta nossa amiga é pancada da cabeça, não imaginam a outras duas. Ambas, gostam de curtir a vida, em todos os sentidos da palavra. Uma tem 3 filhos e a outra 1 filho. Elas acabam de passar por uma situação complicada com a perda de um ente querido, mas nem assim, deixam de render bons bafões.

A irmã que tem três filhos está passando uma “breve temporada” em uma clínica de reabilitação, onde passa o dia entre palestras, cochilos intermináveis, drogas lícitas e muito sexo, como ela mesmo relatou. Nos contou, ainda, que já tem até um código para que tudo transcorra de forma tranqüila e que os seguranças não os peguem em atos “tantos íntimos” como chamam na clínica. Certo dia, a companheira de quarto dela queria “ficar” com um cara, marcou tudo e deixou a louca no corredor, para vigiar e avisar quando a ronda começasse.

Tudo estava indo bem, até que o segurança se aproximou e ela, teve que soltar o código combinado:
- Mamãe chegou!
Nem sinal da amiga e do cara na porta do quarto. Nossa amiga tenta novamente:
- Mamãe chegou!
Nada da outra aparecer. Então, ela berrou:
- Mamãe pegou, mamãe pegou!
Foi só então que ela ouviu a amiga gritar dentro do quarto:
- Deixa mamãe, papai e até a sogra entrar, porque já estou gozando e não vou parar.

Quase morremos de tanto rir. Mas, pensa? Quem não gostaria de ficar o dia inteiro fazendo essas coisas? Afastamo-nos da mesa e fomos até a outra irmã, que pra variar, estava dando um show básico.

Ela chegava em todos, pois já estava cheia do álcool, e gritava que “odiava” as magras, as loiras e os casais felizes, pois como estava sozinha no casamento da irmã mais nova e estava ficando para a “titia”, não suportava a pressão toda, tinha que berrar sua revolta. Não satisfeita, gritava que não acreditava que a irmã dela estava se casando com um evangélico ( teve muita bebida alcoólica, pois ninguém merece ficar bico seco a festa inteira).

Para tornar o evento mais engraçado, o estilo de música era “Pancadão de Jesus”. No principio não vi a diferença, pois os ritmos eram os mais variados possíveis. Forró, axé, funk, rock pesado e outros, mas as letras sempre se reportavam às “coisas do Senhor”. Como eu já tinha bebido todas, não sabia mais o que eram musicas do “pancadão” ou profanas. Nas tantas do casamento, ninguém mais sabia.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

O Pato

Definitivamente não há nome melhor para definir minha família do que Família Buscapé. Não podemos nos reunir que sempre rola um bafão, a casa é destruída, alguém cai, fala merda, passa mal...é uma loucura.

Dia desses recebi a visita de meus primos, Sem Noção (personagem já citado no blog), Miniatura (acreditem, ele consegue ser menor que eu) e sua esposa. Não acreditei quando vieram me chamar para encarar uma cachoeira que fica aqui mesmo em Sobradisney. Pensei um pouco, mas aceitei porque tinha certeza de que algum barraco certamente iria acontecer. Sem Noção era o próprio Tarzan, vestindo uma bermuda, chinelos nas mãos e nada mais. Miniatura por outro lado, parecia um turista americano na praia, vestindo uma sunga, tênis e meia. Já comecei a rir desde que entrei no carro, mas não fiz nenhum comentário para não ser xingada por todos.

Nossa aventura começou quando saí no portão e dei de cara com o veículo, uma Pampa 85, usada na loja de móveis do sogro de Miniatura. Sem Noção pulou na traseira do veículo e eu resolvi ir na frente com o casal. Nem morta iria enfrentar aquele vento! Miniatura foi dirigindo o que não foi um bom negócio, já que é sem dúvida o pior motorista que existe.

Chegamos na fazenda onde ficava a tal cachoeira e a esposa de Miniatura tomou a frente para pedir permissão pra entrar, mas não tinha ninguém em casa. Sem Noção que adora um mal feito, teve a brilhante idéia de esconder o carro e invadir a fazenda. E assim, a gente seguiu uma trilha de sobe e desce, escorrega aqui, se segura ali, sempre com o Tarzan liderando o grupo. Perdi as contas de quantas vezes ele xingou a mim e ao pobre de Miniatura que, mais lesados, íamos ficando para trás na longa caminhada.

Enfim, encontramos a cachoeira e foi aquela festa. Escorrega daqui, mergulha de lá, pula de não sei onde, até que começou a chover. Miniatura entrou em pânico com medo de não conseguirmos subir a “ladeira” de volta e resolvemos levantar o acampamento. Já estávamos saindo da fazenda, quando Sem Noção viu uma goiabeira carregada na fazenda vizinha. Sem pensar duas vezes, e sem ler a mega placa de cachorro bravo, o bonitão pulou a cerca e atacou a árvore.

Eu, Miniatura e a esposa estávamos terminando de nos arrumar para entrar no carro quando Sem Noção aparece correndo, desesperado, todo sujo e gritando:
-Entra logo nessa p...! Acelera, Miniatura!
Quando olhamos para trás, um megasuperhiperplus Rotweiller corria, babando atrás do idiota ladrão de goiabas. Não sei o porquê, mas Miniatura acelerou o carro como se o cão estivesse prestes a entrar, e Sem Noção só teve tempo de pular na carroceria. Eu desabei a rir da cara pálida dele e nem prestei atenção que o motorista parecia meio descontrolado, descendo a estrada de chão em alta velocidade.

A estrada era uma buraqueira só e Miniatura pegou um atalho. Certo de que já estávamos chegando, resolveu brincar com Sem Noção e pediu para que ele se segurasse por que ia acelerar. Nesse momento, um PATO surge do nada, no meio da estrada, e como num “rasante”, entra no carro pela janela de Miniatura.

Meu primo não conseguia enxergar nada e virava o volante de um lado para o outro com uma mão e tentava tirar o pato com a outra. Eu e a esposa só conseguíamos gritar feito loucas e dar socos no ar tentando afastar o bicho o mais rápido possível da gente. O coitado de Sem Noção era jogado de um lado para o outro na traseira do carro e berrava para Miniatura parar o carro. Quanto mais a gente gritava, mais Miniatura acelerava desesperado com a confusão toda. O veículo ia de um lado para o outro, rodava e nós não conseguiamos ver nada com aquele animal "gritando" em cima da gente.

Só paramos porque o veículo bateu num barranco e a esposa finalmente conseguiu jogar o pato longe. Eu tive uma crise de risos e só deixei Miniatura mais nervoso. O pobre começou a brigar com a esposa, comigo e foi só aí que percebemos que estava faltando uma pessoa.
Sem Noção tinha sido arremessado para fora do carro e estava caído, imundo, rindo ao lado do pato assassino.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Faxina da Alma

Recebi ontem por email. O mais incrível é que entra ano, sai ano, sempre recebo esse texto no mês de dezembro. No assunto vem dizendo Carlos Drummond de Andrade, o que já é um motivo para eu não deletar o email logo de cara e continuar lendo até o final, mesmo que pela centésima vez.


Não importa onde você parou,
Em que momento da vida você cansou,
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida e o mais importante,
Acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado.
Chorou muito? Foi limpeza da alma.
Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia.

Sentiu-se só por diversas vezes? É porque fechaste a porta até para os anjos.
Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora.
Pois é...agora é hora de reiniciar, de pensar na luz, de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso?
Ou aquele velho desejo de aprender a pintar, desenhar, dominar o computador ou qualquer outra coisa...

Olha quanto desafio...
Quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.

Tá se sentindo sozinho? Besteiras...
Tem tanta gente que você afastou com o seu “período de isolamento”.
Tem tanta gente esperando um sorriso para chegar perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza, nem nós mesmos nos suportamos.
Ficamos horríveis.
O mau humor vai comendo nosso fígado, até a boca fica amarga.

Recomeçar...
Hoje é um bom dia para começar novos desafios.

Onde você quer chegar?
Ir alto...sonhe alto. Queira o melhor do melhor.
Queira coisas boas para a vida.
Pensando assim trazemos para nós aquilo que desejamos.

Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos.
Já se desejarmos fortemente o melhor, e principalmente, lutarmos pelo melhor,
O melhor vai se instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da faxina mental...
Joga fora tudo o que te prende ao passado, ao mundinho de coisas tristes...
Fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de cinema, bilhetes de viagens...
Toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados.
Jogue tudo fora... mas principalmente,
Esvazie seu coração.

Fique pronto para a vida
Para um novo amor.
Lembre-se que somos apaixonáveis...
Somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes
Afinal de contas...nós somos o amor.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Barraco no consultório dentário

Alguém já conseguiu dizer não para um pedido de mãe? Eu nunca! Estava me preparando para mais uma tarde (infinita) de estudos quando minha mãe aparece na porta do quarto e me pede para acompanhá-la ao dentista. Relutei um pouco, mas diante daquela sucessão de chantagens do tipo... se fosse uma das meninas você iria, não tive outra escolha e aceitei.

Minha mãe tem sérios problemas com horários. Uma vez me acordou 06h30 porque tinha dentista 08h30. Quase tive um troço! Meu pai ficava me irritando o tempo todo, entrando e saindo do quarto: “Acorda minha filha, são 5h40 e temos que pegar a balsa pra chegar ao dentista”.

A consulta de mamãe estava marcada para 16h30, mas ela fez questão de chegar uma hora antes. Já estava irritada pensando que ia ter que ficar esperando um tempão lendo, ou melhor, vendo aquelas revistas de fofocas (antigas). Mas minha mãe foi atendida logo que chegou e eu fiquei esperando.

Estava no meio de uma matéria daquelas de revistas femininas tipo, M.R. 36 anos foi traída por R.S. 38 anos, quando a secretária entra na sala seguida por uma atendente. Não dei muita idéia e segui lendo o desenrolar da história, quando de repente a moça solta um berro:
- Não me interessa o que ela pensa! Não vou desmarcar os pacientes. Ela me ameaçou, você viu?
A atendente tentando acalmar as coisas, mostrava um monte de formulários para a secretária e pedia:
- Pelo amor de Deus fala baixo, criatura! A doutora pode ouvir.
-Eu quero é que ela ouça mesmo! Quero ver o que ela vai fazer.

Diante daquela confusão toda, desisti da revista e só passava as folhas, prestando atenção em cada palavra. Acho que consegui disfarçar por um tempo porque nenhuma delas percebeu minha presença. E o barraco continuava:
-Ela quer que eu desmarque todo mundo pela terceira vez? E só avisa de última hora?
-Mas você precisa se acalmar, o doutor já está terminando com a paciente. Se ele ouvir, você já era.
-Eu quero é que escute mesmo. Vou contar tudo para ele.

No fundão da sala eu escutava tudo e, mesmo perplexa, fingia que lia a revista. O mais incrível é que realmente estava invisível naquela tarde e era inacreditável como aquelas duas estavam exaltadas. Comecei a ficar com medo do que poderia acontecer, já que uma delas parecia não dar a mínima para o emprego. Parecia mais um ser "bipolar", louca, no meio de um consultório (só que dentário, não psiquiátrico).
Me preparei para esperar minha mãe do lado de fora, quando um rapaz, ouvindo a confusão, saiu de dentro de uma sala e olhando pra mim, tentou dar um fim na discussão:
-Gente! O que está acontecendo? Vocês estão discutindo na frente de uma paciente?
- Aquela ali? Não! Ela é vinagrete!

Eu não agüentei e comecei a rir. Pedi à moça que avisasse minha mãe que estaria esperando fora do consultório, e saí. Só me faltava essa. Ser reduzida a vinagrete. Aquela que só acompanha.