Sábado à tarde, eu estava em casa, descansando. Resolvi dar uma limpada no meu computador e baixar algumas músicas. De repente, minha prima me chama no Skype:
Prima: Helô*, você está ai?
Eu: Fala, Helô! Estou dando um tempo por aqui. O que manda?
Prima: Estou assistindo aquele programa do Márcio Garcia. Passando mal de rir aqui!
Eu: Que programa? Um de auditório?
Prima: Namoro na TV, filha! Tipo aquele do Sílvio Santos.
Eu: O QUÊ???? Vou ligar a TV!
E os minutos seguintes foram repletos de situações constrangedoras e hilárias. Várias moças sentadas de um lado, o apresentador no meio, fazendo perguntas. Os tipos eram os mais variados e estereotipados possíveis. Uma gordinha de vestido roxo, mais parecendo uma gelatina de uva. Outra gordinha de amarelo, que mais parecia uma versão feminina do gigante da história de João e o pé de feijão. Uma vesguinha sorridente, uma patricinha loura, uma morena de sainha rodada. TODAS eram mega mukissas! De doer mesmo!
A ajudante de palco era outra figura. Um micro short, um top, o famoso tamancão de acrílico, as pernas bombadas e aquele jeito feminino de andar quando a gente está apertada, morrendo de vontade de fazer xixi. Tosca! Mas o melhor ainda estava por vir. Eis que o Márcio Garcia chama os candidatos. MEU DEUS DO CÉU! PÁRA TUDO!!!! Os nomes não poderiam ser diferentes. Era um show de Michael, Augislan, Deividi, Wellinton, Eudeslan... Os caras “davam o que podiam” para conquistar as moças. Mentiam feito loucos, se gabavam, contavam histórias tentando agradá-las. Uma coisa de louco!
(Eu alternava momentos de gargalhadas e pena dos cidadãos, enquanto minha prima passava mal de rir e ficava repetindo as frases “sábias” dos pobres)
Enquanto o candidato (tosco) falava, a câmera mostrava as “futuras namoradas”. As garotas pareciam não acreditar nos caras e faziam de tudo para não demonstrar o MEDO de ter que dançar com alguns deles. A gordinha se esquivava na cadeira, a loura fatal sorria para a câmera, a morena da saia rodada tirava as pontas duplas do cabelo, a loura com o cabelo de mechas, fingia prestar atenção. E a vesga? Só Deus sabe para onde ela estava olhando.
A partir daí foi um desfile de “personalidades”. Teve o estilo pagodeiro (alcinha no cabelo, colar de prata, regata torando), o nerd (todo vestido social e de óculos), o micareta (regata, bermuda colorida, colar de bolotas e tênis) e os mais clássicos (jeans camisa e SAPATO CARAMELO). Feitas as apresentações, chegou o momento das moças se posicionarem.
Apresentador: E aí, Fulana? O que achou do rapaz?
(Música de suspense no fundo. O rapaz fica olhando para elas esperando o veredicto)
Fulana: Hoje não, Márcio!
E assim iam passando. A sequência de tocos e o constrangimento de se sentir rejeitado por uma mukissérrima. Eu alternava momentos de gargalhadas e pena daqueles cidadãos. A cara de “tudo bem!” ou “quem sabe na próxima” era de cortar o coração. E aquelas mega mukissas dizendo “Hoje não, Márcio”??? Como assim? Naquele dia, só um casal se deu bem. A gigante gorda com o estiloso clássico. Achei que já tinha visto tudo, podia mudar de canal, mas o melhor ainda estava por vir...
Levaram o casal do programa da semana anterior para um restaurante, e filmaram o jantar romântico. A moça parecia ter uns trinta e tantos anos, o rapaz uns vinte e poucos. Ela era ruivona, estilo roupas "esvoaçantes". Já o rapaz... Micarê, é claro! Ela estava visivelmente sem graça com a filmagem e agia mecanicamente. Falava pouco, toda séria e tal. O cara parecia estar totalmente em casa. Puxava a cara dela para um lado, virava para outro, abraçava o tempo todo. Até que de repente, ele parte para cima dela. Começa a beijá-la como se estivesse tomando sorvete. É língua para todo lado! A moça pareceu ficar tão constrangida que colocou a mão no rosto dele, tentando desviar da câmera, mas ele tirou para mostrar mesmo a lambança toda. Quem assistia só conseguia ver a língua dele. A cena ficou tão tosca, que até o Márcio Garcia ficou rindo, sem acreditar naquilo. Argh!
O quadro do programa, que é uma tentativa de trazer de volta a lembrança daquele apresentado por Sílvio Santos, não chega nem aos pés do original. Mas o vexame dos descartados, o desfile de “criaturas simplórias”, a curtição de quem apresenta e a vergonha (e gargalhadas) de quem assiste são as mesmas. Quem não lembra da parte dos binóculos, onde os participantes ficavam se observando a distância e na hora que o Sílvio autorizava a dança, era uma correria para pegar a menos mukissa? E quando ele perguntava se era namoro ou amizade, e se a moça respondesse que era amizade, o próprio Sílvio ficava rindo da cara do rapaz? Eu nunca vi um povo gostar tanto de passar vergonha! Mas, enfim... Aquela era uma época de ouro do SBT!
* Helô = Apelido carinhoso usado entre algumas Fenômenos e suas amigas. Surgiu baseado na personagem Heloísa, interpretada por Giulia Gam, da novela Mulheres Apaixonadas. (Assunto para outro post).
Mudando de assunto…
Pessoas, o "T Day" já tem data marcada. O Flávio Prada passou por aqui e deixou o link para aqueles que apoiaram a idéia. Quer saber mais? Clica aqui.