quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Podi

Ganhei da Flor.

Ela disse que viu a receita e lembrou de mim.*




Podi é uma paçoca salgada e picante. Segue a receita:

1 xícara (chá) de amendoim torrado com casca
1 colher (sopa) de coco seco ralado
Pedacinhos de tamarindo seco a gosto
1 colher (chá) de cominho moído ou as sementes inteiras (mais, se desejar)
Pimenta vermelha seca a gosto
Folhas de curry (opcional)
Sal a gosto .

Numa frigideira, aqueça levemente todos os ingredientes.

Triture tudo e guarde em vasilhame hermeticamente fechado.

* Nós costumamos usar as expressões "podi de chique", "podi de lindo" ou "podi de gostoso" para algo (ou alguém) que é muito chique, muito bonito ou muito gostoso, mas nem imaginávamos que seria nome de paçoca.

Viu? Já estamos dando nomes até para comidas!!! hahahahaha

Brincadeira, pessoas! A receita foi tirada do site Agdá.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Eu caí aprendendo a andar de bike. E você?


Projeto verão é fogo. Inventei de pegar uma série de corrida com a Helen, mas já me arrependi. Ô coisa difícil! Todo dia levanto cedo e vou tentar atingir minha meta, mas nem sempre as coisas saem como o esperado. Tem dia que estou numa preguiça que só vendo, outro o lugar está lotado demais, calor demais... Aff!

Ontem estava me achando a Lola, aquela do filme Corra, Lola, Corra!. Ia concentrada, controlando meus minutos, quando passou um senhor tentando ensinar o neto a andar de bicicleta. O menino estava todo equipado, capacete, luva, joelheira e tudo o que tinha direito. O velhinho suava em bicas. Fiquei pensando se era pelo calor ou por medo do moleque se estabacar no chão. Eu só ouvia o garoto implorar para o avô não largar a bicicleta. Ele, é claro, mentia dizendo que jamais faria isso. Truque antigo, vovô!

Naquela curva do Nicolândia, lá onde ficam os marombeiros de plantão, o velho largou a bicicleta e o menino se foi. Pedalou direitinho direitinho até perceber que estava só. Ele olhou desesperado para os lados e, de repente, eu só vi o “bolo doido” rolando pela grama seguido de um berro. O velhinho, passou por mim que nem uma bala e, com as mãos na cabeça, pedia desculpas pro menino. Todo mundo que passava, soltava um sorriso de “Eu já passei por isso!”.

Eu me lembro de ter aprendido a pedalar com o meu pai, o ser mais sem paciência do universo. Era grito atrás de grito. Mas ele morria de pena quando eu me esborrachava e levantava toda arranhada e fingindo estar bem. A bicicleta era uma miniatura da Ceci, tinha uma cestinha horrorosa que ficava caindo o tempo todo. Resultado? Além de ter que me preocupar em ficar sem as rodinhas, eu tinha que cuidar para a cestinha não cair e causar um atropelamento. O que sempre acontecia. Eu sempre caía porque ATROPELAVA a minha própria cestinha. Pensa!

Apesar de sempre exigir uma “Caloi Cross” e uma “BMX”, eu sempre ganhava Cecizinha e coisas menininhas do tipo. Eu fui criada rodeada de primos e a maioria era de homens, então, não entendia porque só eu e a Gláucia tínhamos um troço coloridinho cheio de frufru. Mas a gente topava todas as competições, agüentava todo tipo de gozação até o dia em que eu me estabaquei num muro porque não consegui fazer a curva. Resultado? Fiquei de castigo por uma semana. E ainda tinha que agüentar meu irmão morrendo de rir e minha mãe esgoelando: “Onde já se viu ir na onda dos malucos dos seus primos? Você não tem juízo não, menina? Você é uma mocinha, Ana Paula!”

O bom foi que me vinguei de Tesouro. Claro que como irmã mais velha, tive que tirar o Gustavo das famosas rodinhas. Fiz igual ao velhinho do parque. Comecei devagar, empurrando, ficando por perto. Eu de um lado e a Gláucia de outro. Aí, achamos que ele já estava pronto. Largamos o menino e ficamos gritando, “Vai, Guga! Vai, Guga!”. Quando o pobre percebeu que não estávamos com ele, desconcentrou, ficou balançando na bicicleta e CATAPLOFT! Deu de cara com um carro estacionado. Resultado? Mais uma semana de castigo para a mocinha aqui.

Uma vez a "certinha" da Helen resolveu me carregar na bicicleta de corrida do irmão dela. Tenho uma cicatriz até hoje! Mas as histórias dos Fenômenos com as bicicletas só em outro post. O Bruno, por exemplo, tem altas histórias. Mas só posso contar quando ele aparecer e me autorizar. Uhauhauahauha

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Deu a louca nos velhinhos


Eu já contei por aqui algumas proezas acontecidas no prédio onde moro, mas quando a gente acha que já viu (e ouviu) tudo, sempre aparece alguém para provar o contrário. Na sexta-feira, eu estava chegando com minha mãe do Extra e, enquanto estacionava o carro, minha mãe decidiu descer para ir atrás do carrinho de compras do prédio. Fiquei esperando por uns cinco minutos e nada de mamãe aparecer. Achei que a espertinha tinha subido e me largado com todo o carregamento lá embaixo (ela odeeeeia subir com compras).

Parti em sua busca e a encontrei conversando, ou melhor, ouvindo uma senhora que sempre está embaixo do bloco com o cachorrinho. Já cheguei de péssimo humor, levantei a sobrancelha para a senhora e puxei minha mãe pelo braço, usando a desculpa de que já tinha gente esperando pelo carrinho. Estranhei porque, geralmente, quando sou meio grossa com o povo do prédio, minha mãe me paga um mega-super-hiper-plus sapo, mas ela ficou calada. Colocamos as sacolas no carro e partimos pro elevador. Achei a D. Verônica muito esquisita, resolvi perguntar:

– Mãe, o que houve? Não vai me dizer que está com essa cara só porque eu cortei o seu papo com a dona lá debaixo, né? De certo eu ia ficar no sol, torrando, até você terminar de ouvir as fofocas do prédio.
– Eu achei foi bom! Fiquei foi impressionada com o que ela me disse.
– Conta aí, mãe! (Eu já sabia que era fofoca e que ela não ia querer me contar).
– Não, Ana Paula! Você vai contar pro seu pai.
– Anda logo, mãe!
(Insisti por mais uns cinco minutos)
– Tá bom! Aquela senhora veio me contar que existem algumas “normas” que devem ser seguidas aqui no bloco. Acho que ela é daquelas que se mete na vida de todo mundo!
– Normas? Tipo, a coleta de lixo e o som alto?
– Não! Segundo a mulher, aqui no bloco TODO mundo reclama das pessoas que andam de salto alto. Ela me disse que todas as moças devem (repara no tempo do verbo) tirar os sapatos antes de entrar em casa.
– Hahahahaha! Certeza que vou fazer isso, mãe!
– E tem mais. Ela disse que para ouvir música a gente tem que levar o som pro banheiro, fechar a janela do banheiro e abrir a porta. Assim o som não incomoda os outros!
– Hahahahahahahahahahahahaha!
– E que todo mundo precisa ter cuidado com o tom de voz. Não pode atender o telefone em voz alta, nem discutir.
– Mãe, eu não estou entendendo. A velha tá dizendo como a gente deve se comportar dentro de casa? Quer dizer que ela é dona do prédio e está nos fazendo um favor deixando que a gente more aqui? (Meu pai ia adorar saber disso)
– Ela se acha a dona mesmo, já que foi uma das primeiras a morar aqui. Parece que ela e mais dois senhores, entre eles o síndico, estabeleceram que ELES irão ficar na portaria durante o dia. Mandaram os porteiros embora.
– Como assim, mãe? Ficou decidido por quem?
– Eles decidiram! Não sei se foi na reunião de condomínio.
– Que bando de gente doida, mãe! Eu quero que essa maluca venha me dizer como que eu tenho que viver dentro da minha própria casa. Ai,ai!
– E tem mais... Ela veio me contar que ficou horrorizada com uma família que chegou agora no prédio e estava brigando.
– Ah, o casal estava brigando lá embaixo?
– Não, eles estavam brigando na casa deles e a senhora ouviu tudo.
– Ah, tá! Ouvir música não pode, mas ouvir a briga do vizinho já está valendo?

Nesse momento, eu ouço meu pai chegar em casa. Detalhe, ele sai do elevador assobiando, cheio de sacolas, deixa a pasta cair no chão, solta um palavrão, aperta a campainha e ainda briga porque a gente demorou para abrir a porta. Quem conhece a figura, sabe que a voz dele é tão forte, tão alta que dá para ser ouvida longe, imagine o comentário que ele fez depois que eu compartilhei toda a história, enquanto ele se vestia pra caminhada diária:

– Manda essa velha se fuder enquanto está de dia! Quer dizer que não posso falar mais nada em minha própria casa? E essa porra de bloco que está caindo aos pedaços? E aqueles moleques destruindo tudo? E esse bando de porco que desce com os cachorros pelo elevador e sujam tudo? Deixa ela vir falar comigo, deixa!

Domingo à noite, toca a campainha aqui de casa. Meu pai abre a porta e dá de cara com o velhinho cúmplice da senhora do cachorro. Educadamente, meu pai convida o moço para entrar:
– Boa noite! Queira entrar, por favor. (A voz do meu pai parece que faz tremer as estruturas da casa)
– Boa noite, sr. Paulo! Nós estamos correndo com um abaixo-assinado no prédio e eu gostaria de contar com o apoio do senhor e da sua esposa.
– Abaixo-assinado para? (Só para registrar, meu pai odeia abaixo-assinado!)
– Como o senhor já deve saber, seus novos vizinhos mudaram para o prédio não faz uma semana e DESCOBRIMOS que o rapaz saiu do outro prédio que morava meio que expulso, então, a gente vai entrar com um pedido no Ministério da Defesa* para que retirem essa família daqui. Uma senhora ouviu tudo e disse que foi um horror. Ficou morrendo de medo! Sua esposa deve ter escutado, tenho certeza!
– Não, meu amigo, ela não ouviu! Minha mulher não tem tempo pra ficar ouvindo o que os outros fazem na casa deles. Eu não posso assinar algo que não sei do que se trata. Além do mais, eu não conheço essa família, eles não me fizeram nada e nem prejudicaram ninguém aqui no prédio. Não vou assinar isso!

Quando a porta se fechou, eu olhei para a cara do meu pai e ele me disse:

– É, minha filha, deu a louca nos velhinhos. Pode esperar que isso ainda vai dar pano pra manga!!!

* Uma parte dos apartamentos do prédio onde moro ainda são funcionais.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Hoje eu acordei, tomei café e fui pra aula...


Era assim que começavam os textos escritos nas agendas, os nossos diários da adolescência. O que acontecia depois variava, mas o início era sempre o mesmo. Uma graça! A Helen encontrou suas relíquias no fim de semana e me sugeriu que fizéssemos um post a respeito. Adorei a idéia, apesar de não conseguir tirar todas as minhas “obras” do baú.

As agendas variavam bastante. Eram de vários tamanhos, cores, formatos, mas algumas características eram sempre iguais, não importava quem era a adolescente por trás dela.

1. Marcas – todas tinham que ser de marca. Pakalolo, Company, O2, Redley… Não importava se a agenda era bonita ou feia, com espaço para escrever ou não, o negócio era ser de marca. Ninguém aceitava ter uma Tilibra qualquer, tinha que ser “aquela” agenda, “daquele” lugar. Lembro que tive uma da Company, vermelha, com capa emborrachada, que mal dava conta de segurar. Era enorme, mas eu adoraaaaaava!

2. Presentes de amigo-oculto – as agendas eram uma ótima pedida para as brincadeiras de amigo-oculto. Quando se confiava no grupo, a gente só pedia a agenda, sem especificar a marca. Quando era um grupo da escola, por exemplo, já pedia uma agenda de tal loja, afinal, não podia correr o risco de um garoto tirar o seu nome e vir com uma agenda escolar.

3. A organização – toda agenda tinha que ser bastante organizada. Nada de escrever aleatoriamente, pegar a primeira página que via pela frente e escrever os pensamentos. Os dias tinham que ser rigorosamente seguidos, os papéis tinham que ser colados ou anexados com clips coloridos. A gente passava horas escrevendo, enfeitando, era um cuidado só!

4. Os enfeites – nenhuma agenda se salvava. Quanto mais enfeitada, mais bonita era. E não faltava criatividade. Eram bordas feitas com folhas de revistas, papéis de balas (que ganhou do “gatinho”), bomboms, entradas de cinema, adesivos, clips colorido, canetinhas, lápis de cor. O resultado era que a agenda terminava o ano, inchada e colorida. Mais enfeitada do que alegoria de escola de samba. E a dona era só orgulho!

5 . As declarações – era normal uma amiga escrever na agenda da outra. Declarações de amizade, recadinhos, desenhos... Mas era um tal de “Te curto pra k7”, “Gosto do gosto gostoso de gostar de você” , corações com carinhas, setas pra lá e pra cá, que matam a gente de rir.

6. Os astros famosos – não existe adolescente que não tenha seus ídolos pregados até no teto do quarto, imagine nas agendas. Haja assinatura da Capricho para recortar fotos! O Tom Cruise reinava fácil nas minhas agendas e das minhas amigas Fenômenos. Além, é claro, da banda Bon Jovi, que para a Helen, eram os “reis do rock”.

7 . Os códigos – assim como a gente adorava “fazer” a agenda o ano inteiro, os meninos adoravam tentar roubar os diários para ler. A solução para que não descobrissem nossos segredos foi a de criar um código. Então, a gente fazia com que um símbolo correspondesse a uma letra do alfabeto. Ex: lua = a, coração = b, estrela = c. O problema era quando a gente esquecia a solução do código dentro da agenda, aí ficava fácil para quem quisesse descobrir o que estava escrito.

8. Os gatinhos – não era difícil estar encantada naquela época, mas ninguém podia saber quem era o felizardo. Apenas as amigas mais próximas sabiam. Então, a solução era usar o código para escrever sobre o mocinho. Só que nem sempre a gente queria revelar o nome, mas bastava algumas das meninas pegar a agenda para descobrir. Ex: “Hoje fui para a aula e encontrei o # à Ç ) + X + & no corredor. Quase morri de susto, mas foi bom!” As amigas sempre sabem quem é o rapaz, não importa o que você diga. Aí, bastava contar as letras do nome e, se batesse, já tinham, de quebra, algumas letras do código. O importante era cuidar para que a agenda não caísse em mãos inimigas.

9.Citações – era comum copiar frases de efeito ditas por personalidades ou até por gente que nem sabíamos quem era. Falou bonito, lá estava a frase copiada na agenda. Claro que não vou esquecer de contar a mais comum, a campeã de agendas: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, do Caetano Veloso. Aff!

10. Guardar com cuidado – toda mocinha que teve sua agenda sabe. É importante guardar as “obras” para ler (e rir) depois. No caso dos Fenômenos, é legal porque crescemos juntos, aí, dá pra relembrar os momentos, e é claro, rir ums da cara da outra também.


PS: As fotos são das agendas da Helen.